sexta-feira, 25 de setembro de 2009

COESÃO - em poucas palavras

Minha colega Luciane e eu anotamos alguns pontos importantes para iniciarmos nosso encontro do dia 24. Nosso texto ficou assim:

TEXTO não é um amontoado de palavras ou uma sequência de frases.
Para um texto ser bem formado, ele deve ser produto de alguns procedimentos lingüísticos e conservar alguns princípios, dentre eles, a COERÊNCIA e a COESÃO.
Ingedore Koch separa a COERÊNCIA da COESÃO, mas afirma que uma está estreitamente ligada à outra. São dois lados de uma mesma moeda - o texto.
A COESÃO, conforme um texto do TP5, pode ser comparada à linha com que se costura um vestido; ao cimento com que se faz dos tijolos um muro ou uma parede, ou uma casa.
A COESÃO = fenômeno interno que acontece entre os enunciados de um texto, o qual se diz que é coeso, quando seus vários enunciados estão organicamente articulados entre si.
A conexão desses vários enunciados é resultado da articulação das relações de sentido existentes entre eles. Essas relações de sentido são manifestadas por determinadas categorias de palavras, chamadas de CONECTIVOS ou ELEMENTOS DE COESÃO:
preposições, conjunções, pronomes, advérbios, numerais, sinônimos.
O uso adequado desses elementos garante a unidade do texto e a clareza das idéias nele expressas. (O contrário = sentido obscuro, incompreensão)
Tais NEXOS ligam partes do discurso e estabelecem relação semântica entre as partes do discurso (causa, conseqüência, finalidade, exclusão...) Alguns servem para expressar GRADAÇÃO dentre os componentes de uma escala:
Mesmo, até mesmo → Topo da escala.
Ao menos, pelo menos → plano mais baixo.
Atenção ao fazer a COESÃO nos períodos compostos, especialmente em períodos longos.
Devemos ter cuidado ao escrever: para quê? Como? Expressei claramente o que eu queria dizer?
A COERÊNCIA combina o texto no seu exterior, com a situação sócio-comunicativa, com suas finalidades; a COESÃO combina os textos no seu interior, ligando as partes para formar um todo. De qualquer forma, são parceiras. Mas é possível haver COERÊNCIA sem COESÃO, e vice-versa?
É através da COERÊNCIA que um texto faz sentido para os seus leitores ou ouvintes. Não precisa coincidir com a versão estabelecida no mundo real, mas deve ter uma continuidade de sentidos(como acontece com as histórias de ficção)- não se precisa acreditar naquilo, se é verossímil ou não.
COESÃO: nível micro textual; modo como o universo textual está ligado entre si, dentro de uma sequência;pode haver sequenciamento coesivo de fatores isolados, sem que haja texto.

COERÊNCIA: nível macrotextual; modo como o universo textual (conceitos, relações subjacentes da superfície do texto) se unem numa configuração acessível, relevante. Resulta do processo cognitivo operante entre interlocutores e não é só no texto.

COESÃO por antecipação de termos:
Ex.: José e Renato, apesar de serem gêmeos, são muito diferentes. Por exemplo, este é calmo, aquele é explosivo.
ANAFÓRICOS: ESTE e AQUELE - palavras que servem para retomar um termo já expresso anteriormente.

ANÁFORA: evita ambigüidade e a ruptura da coesão.
Ex.: O PT entrou em desacordo com o PMDB por causa de sua proposta de aumento de salário.

CATÁFORA: Remissão para frente:
Ex.: Ele resolveu devolver tudo: as cartas, as fotos, os presentes.

Uso de palavras /expressões que auxiliam na orientação (espacial/temporal):
acima, em baixo, abaixo, antes, depois, etc.
Existem algumas maneiras produtivas de estabelecermos COESÃO em um texto:
CONTEXTUALIZAÇÃO – uso de palavras do mesmo campo semântico.

ENCONTRO DO DIA 24/09/2009

1. Discussão e aprovação de uma nova versão do nosso Calendário Gestar II – 2ª estapa2.

2. OBJETIVOS:
2.1 Reconhecer as marcas lingüísticas responsáveis pela continuidade de sentido num texto;
2.2 Analisar mecanismos de coesão referencial;
2.3 Analisar mecanismos de coesão seqüencial;
2.4 Caracterizar a coesão como fundamental para evitar repetição desnecessária, ambigüidade e falta de clareza nos enunciados;

3. DESENVOLVIMENTO
3.1 Conclusão do estudo da Estilística e do ESTILO;
3.2 Reflexão sobre:
Ficou clara a noção de ESTILO no nível da linguagem?
Ficou claro o objetivo da ESTILÍSTICA?
Qual a importância dos recursos expressivos ligados à palavra e ao som?
Qual a relação entre os tipos de discurso (direto, indireto,indireto livre) e alguns recursos expressivos da frase e da enunciação?
3.3 Apresentação do tema COESÃO (slides sobre o TP5)
3.4 Atividade prática: TP5 , p.143.
3.5 Apresentação e comentário dos slides "Ri melhor ..."
3.6 Tarefa de casa: escolher uma atividade sobre Coesão textual, no AAA5 – versão Professor, e aplicar em seus alunos.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

NARRADORES de JAVÉ - reflexão de uma cursista

Gestar II – Português
Cristina Domingues Lemos

Análise do filme Narradores de Javé [1]

A palavra tecida a partir de uma multidão de fios ideológicos,
serve de trama a todas as relações sociais em todos os domínios.
(Mikhail Bakhtin)
O enredo de Narradores de Javé não é linear, isto é, não segue uma seqüência cronológica, desenvolve-se descontinuamente, com retrospectivas, cortes e com rupturas do tempo em que se desenvolvem as ações. O tempo cronológico mistura-se ao psicológico, da duração das vivências das personagens. O espaço exterior se mistura aos espaços interiores (memória e imaginação das personagens).
Por conta disto, as mudanças de cenário acompanham as situações vividas pelas personagens, nos diferentes espaços e tempos.
No início, um contador de causos encontra sua platéia, às margens de uma represa, num ponto de travessia. Este cenário é visitado regularmente durante o filme, pois os interlocutores, de tempos em tempos, trocam impressões e debatem os fatos narrados. Já o cenário do causo própriamente dito, é uma comunidade muito pequena, perdida no sertão nordestino, chamada Vale de Javé. Neste cenário agreste, a odisséia do povo guerreiro de Javé começa a ser contada, e recomeça quando menos se espera. O causo, a narrativa vinculada a oralidade e a tradição, dá vida a esta história que tem a intenção de rememorar o passado.
Já na abertura do filme, as letras e os sinais de pontuação recebem destaque. Dançam, se encontram, interagindo também com outros objetos (tesoura, sinuca...). Até ideogramas aparecem para compor a idéia de mosaico de que seria apresentada no filme. Esta questão do letramento é abordada de diferentes formas durante a narrativa: na fala das personagens - “Eu que não sou das letras(...)”, nas divisas cantadas, na ideia de fazer um “trabalho científico”, até na ironia da placa pregada na soleira da porta do escrivão Antônio Biá – “Proibida a entrada de analfabetos”.
Excluído da sua comunidade, por ter se aproveitado de seu cargo e posição social para receber vantagens. Neste caso, escreveu cartas que, além de difamar a todos da comunidade, eram exageradamente mentirosas. A ira da comunidade, basicamente formada por analfabetos, levou Antônio Biá a viver bêbado e isolado de todos. O caráter desonesto de Biá reaparece quando o barbeiro oferece propina para aparecer como um dos destaques na história de Javé, e Biá aceita, sem pestanejar. Em alguns aspectos, Biá lembra um pouco Macunaíma – o herói brasileiro por excelência, o herói sem nenhum caráter.
Características de personagens da literatura de cordel também compõem a personalidade de Antônio Biá. Assim como João Grilo, por exemplo, Biá apresenta uma fina ironia, acidez nas críticas e uma falsa erudição, denunciada no uso de expressões como lembranças javélicas ou gróticas, históricas ou pré-históricas.
Apesar de tudo, Antônio Biá é visto como o único que poderá ajudar o povo de Javé, registrando em livro a história gloriosa de Javé. O livro é chamado, inclusive, de o Livro da Salvação. Ele deve transcrever a Odisséia de Indalécio e Maria Dina, além de recuperar detalhes, marcas e provas, para tornar científico o seu registro.
A tradição oral em Narradores de Javé é apresentada não só nas histórias dos mitos de criação da comunidade, mas também nas variações deste mito. Ao aparecer ora como homem, ora como mulher, sertanejo ou ex-escravo, Indalécio reencarna a questão do mito que se transforma através da oralidade do povo que o perpetua em seu imaginário.
Os ditados populares, marcas da cultura oral, também aparecem no filme: “Quem muito fala, dá bom dia a cavalo.” Aliás, as citações de Antônio Biá talvez sejam a única ligação da comunidade de Javé com a cultura letrada ou contemporânea: Clonado em miolo de pão, Einstein ou Santo Agostinho, saionara, formiga ninja, habeas corpus com corpus cristi, entre outras.
Biá é homem que “só sabe escrever a lápis”. Entretanto, escritor criativo, é capaz de “melhorar” algum trecho da narrativa e de criar imagens como o “mar de bois” ou soluções para o roteiro como “sapatos” para o boi roubado. Para a comunidade, entretanto, o que entendiam de histórias escritas se restringia a ver que a mão deveria se mexer sobre o papel, para que algo estivesse realmente sendo escrito.
Assim com Biá levou ao povo de Javé a possibilidade de ter contato com o conhecimento através da leitura e das trocas realizadas entre letrados e não-letrados, o professor, em sala de aula, também será o condutor dos alunos tanto à literatura quanto a cultura contemporânea. Será ele, inicialmente, um escrivão, mas deverá promover seus alunos também a pequenos escritores, sujeitos em seu lugar histórico, capazes de transformá-lo através de seu discurso e intervenções no contexto social.
[1]Ficha Técnica - Título Original: Narradores de Javé. Lançamento (Brasil): 2003. Direção: Eliane Caffé.

domingo, 20 de setembro de 2009

REFLEXÕES

No dia 17, os cursistas também apresentaram a tarefa de casa distribuída no encontro anterior. Tratava-se da atividade do AAA 4, Versão do Professor. O assunto é a intertextualidade. As cursistas que trabalham com 5ª ou 6ª série disseram que julgaram difícil essa atividade para seus alunos, especialmente devido ao conteúdo dos textos. Um deles trazia o título de ISTAMBUL.
Interessante o depoimento de um cursista que relatou o seguinte: parte da turma esteve no laboratório de informática, onde localizaram geograficamente Istambul. Esse grupo, ao ser proposto o trabalho, logo se lançaram às atividades, ao contrário daqueles que não foram ao laboratório, portanto, não tinham noção de onde fica este local e não se sentiam motivados a trabalhar com os textos, mesmo após explicações e desenhos no quadro por meio dos quais o professor tentava explicar-lhes onde fica Istambul. Foi necessário muito mais esforço para se conseguir que os alunos do segundo grupo fizessem a tarefa.

ENCONTRO DO DIA 17/09/2009

Nesse dia, estudamos a COERÊNCIA TEXTUAL e a ESTILÍSTICA. Primeiramente, vimos os princípios da textualidade, centrando-nos na concepção de texto. Acho oportuno, aqui, citar a voz de Umberto Eco ao afirmar que "O texto é uma máquina preguiçosa, esperando que o leitor faça a sua parte". Isso porque a coerência também é um princípio que não é propriedade imanente do texto, mas que depende de aspectos cognitivos, conhecimento de mundo do leitor, além da situação sociocomunicativa, das finalidades e do objetivo do texto.
Usamos vários exemplos em nossas reflexões sobre texto coerente. Uma das ilustrações, desse encontro, foi um poema encontrado em Marcuschi (Produção textual, análise de gêneros e compreensão, p.120):

Subi a porta e fechei a escada
Tirei minhas orações e recitei meus sapatos.
Desliguei a cama e deitei-me na luz

Tudo porque
Ele me deu um beijo de boa noite...
(Autor anônimo).

Nessa ocasião, também recebemos a visita de nossa coordenadora, a Prof.ª Lucrécia, pois existe a possibilidade de fazermos algumas trocas em nosso cronograma, isto é, transferirmos alguns encontros de sábados para quintas-feiras, como normalmente já vem ocorrendo.
Em vista disso, faltou-nos o fechamento do assunto ESTILÍSTICA. Isso será feito no próximo encontro o qual acontecerá no próximo dia 24.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

LeiturAção


Trata-se de um projeto de leitura, de São Leopoldo, organizado pela Prof.ª Lucrécia Furmann - Coordenadora Administrativa e Pedagógica do Gestar II - e apoiado pela Secretaria Municipal de Educação. Foram selecionadas algumas escolas, alguns escritores e seus respectivos livros para dar início a um plantio que está começando pequeno. Esses livros foram doados às escolas pela Secretaria e as professoras - a maioria do GESTAR II - foram convidadas a desenvolver um trabalho que vá além da leitura das obras. EM data já aprazada, os escritores virão às escolas para contatar com seus leitores. Além disso, haverá encontros de formação para as pessoas envolvidas no projeto. Estamos construindo o começo de um sonho alto, que deseja atingir mais cabeças para juntos podermos formar um leitor ativo, crítico, capaz de intervir na sociedade.

TRABALHANDO EM GRUPO




No encontro do dia 3 de setembro, demos conta das três úlitmas unidades do TP4. Foram organizados grupos que se encarregaram de ler, destacar idéias principais e apresentá-las ao grande grupo a posteriori. Essa apresentação podia ser sob a forma de esquema ou de mapa conceitual. Uma cursista, a Cristina Lemos, foi ao computador e demonstrou-nos não só o mapa conceitual de sua turma, como também nos ensinou como fazê-lo e indicou o site onde localizar um programinha especial que contém as orientações sobre a execução de mapas conceituais.

ATENDIMENTO no PLANTÃO


Disponibilizamos aos cursistas de Língua Portuguesa atendimento em horário especial, sob a forma de plantões, quando eles podem vir conversar conosco sobre alguma de suas dificuldades relativas às suas ações no Projeto Gestar II. Em geral, as dúvidas se relacionam à elaboração e desenvolvimento de seus projetos. No último dia 10 de setembro, atendemos a três cursistas.